Sunday, July 16, 2006

fantasma

Eram brazas, as minhas, só moedas de luz no calo da mão e a baba do dia sentindo escorrente na alma a lava que disseste. O dedo recurvado como uma raiz de mandioca à frente do meu nariz que pingava. Susto? Mais que nunca são as minhas mãos as calejadas, São as minhas mãos as condecoradas de vermelho. Mais do que nunca, Susto? São as minhas mãos a ser vassalas do teu corpo, como se não bastasse os olhos serem refens dos teus e a boca refem da mente que te é prisioneira. Perigo de morte, a forma como fechaste os olhos. E o dourado da tua pele custa-me tanto a ver torrar como açúcar mascavado sobre o verão da lingua. Perigosa a forma como sorris, por mero favor, àquilo que eu digo. Susto. Eram brazas, as minhas, só moedas de luz no calo da mão e a baba do dia sentindo escorrente na alma a lava que disseste. Se morresses eu deixava-te flutuar à deriva, e punha-te flores no peito. Não te deixava ir sem ficar a ver e, quando estivesses longe demais para eu te distinguir da água, podia sorrir sozinho por saber que era meu para sempre o segundo em que te foste. Que o podia vender aos paparazzi ou escrevê-lo numa tshirt... Mas acho que o mundo tem muito mais graça contigo por aí, E a minha vida é muito mais a minha vida se, apesar de existires e sorrires dessa maneira, me rejeitares as chamadas e recusares os cafés - daquela maneira linda que só tu tens...